quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Natureza entiquetada


Um banco de dados monumental que funcione como um código de barras para identificar toda a diversidade biológica que existe.

Funcionaria assim: os pesquisadores sequenciam um trecho bem pequeno do DNA - por volta de 650 pares de bases - e inserem no banco de dados, junto com fotos e informações diversas. Os botânicos entraram este ano num acordo sobre os trechos específicos a serem usados.

Para animais, o marcador que parece funcionar melhor é um chamado CO1. O truque é encontrar trechos que existam em todos os organismos que se pretende comparar, com variabilidade suficiente para que cada espécie tenha um código de barras único. Funciona bem para vários bichos, conforme mostraram participantes do simpósio. Para plantas, nem tanto.

Como ainda há muitas espécies sem nome na maior floresta brasileira, os códigos de barras dariam origem a um diagrama do tipo árvore genealógica, mas sem nomes nas pontas dos ramos.

O mais legal mesmo foi ouvir sobre as aplicações diversas dos códigos de barras, que têm potencial de responder perguntas até agora impenetráveis, e de reunir pesquisadores de diversas áreas como geneticistas, taxonomistas, ecólogos, parasitologistas etc. Muito mais do que fazer catálogos da diversidade biológica, a ferramenta permite ter uma ideia de associações ecológicas entre espécies e comparar as comunidades de espécies entre regiões diferentes.

As aplicações de se enxergar uma diversidade que os olhos não veem são inúmeras, por isso os códigos de barras têm potencial de abrir as comportas da imaginação dos pesquisadores.

Os organizadores de consórcios internacionais, como o iBOL, o CBOL e outros, estão se esforçando para pôr o Brasil dentro de seus barcos. Em muitos casos a impressão que dá é que, na visão deles, os parceiros brasileiros se limitariam a mandar amostras da riqueza biológica destas bandas. Acho que eles repararam que não é bem assim: o pessoal daqui sabe fazer ciência com as próprias mãos, só falta quem organize e quem financie uma iniciativa de ampla escala por aqui.

Fonte: Science blogs

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