domingo, 15 de novembro de 2009

Nas praias da Califórnia

O quelpo gigante, Macrocystis pyrifera, é uma espécie de alga marinha encontrada nas costas do Pacífico: entre o Alasca e a Baixa Califórnia, ao sul do Chile e na Argentina; no outro extremo, nas águas da Nova Zelândia, Austrália e África do Sul. Apesar de iniciar sua vida como um microscópico esporo, essa espécie pode chegar até uma altura de 60 m, sendo o maior organismo vegetal/protista do mar.

A população de quelpo gigante da costa sul da Califórnia compõe uma das mais diversas comunidades de nossos oceanos. Aproximadamente 800 espécies de organismos marinhos dependem das florestas de quelpo em algum ponto de seu desenvolvimento. Nas palavras de Charles Darwin: "…if in any country a forest was destroyed, I do not believe nearly so many species of animals would perish as would here from the destruction of kelp." (se em qualquer país uma floresta fosse destruída, eu não acredito que tantas espécies animais pereceriam como aqui, da destruição do quelpo)

Complementando seu alto valor ecológico, muitas espécies têm grande importância em diferentes indústrias, como a de alimentação, farmacêutica, tintas, construção ou cosméticos. Além de poder ser consumidos ou utilizados como fertilizante, os quelpos produzem uma substância (polissacarídeo) conhecida como alginato que é amplamente utilizada como emulsificante em: produtos alimentícios (sorvetes, molhos, cervejas, iogurtes), de higiene (pastas dentais, xampus, sabonetes), medicinais (pílulas), industriais (tintas, pinturas, soldaduras).

Nos últimos 100 anos, os números dessa feofícea sofreram uma redução de 80%, e apesar de perturbações naturais como tempestades e o El Niño terem feito sua parte, foi a ação humana, através de poluição, sedimentação e pesca excessiva, que impediu sua total recuperação. O melhor documentado declínio de população ocorreu em San Diego (EUA), onde a Estação de Geração de Energia Nuclear de San Onofre destruiu, de uma só vez, 150 hectares de floresta de algas devido ao despejo de água aquecida no mar.

Um outro exemplo é o das lontras da Califórnia, que foram caçadas até a quase extinção por seu pelo. Colocado da forma mais simples possível: estas lontras se alimentavam primordialmente de ouriços, que por sua vez se alimentavam do quelpo. Sem as lontras, os ouriços proliferaram-se e praticamente destruíram a alga, e com ela toda a base desse ecossistema.

Em 2001, a California Coastkeeper Alliance (CCKA) lançou o Southern California Giant Kelp Restoration Project (projeto de restauração do quelpo gigante) em parceria com as organizações Southern California Waterkeepers e National Oceanic and Atmospheric Administration, para reestabelecer os bancos de alga californianos e educar o público a respeito da importância dessas florestas para o meio-ambiente.

Graças ao projeto, o Macrocystis pyrifera agora já possui um futuro mais promissor, e dependendo de pessoas conscientes, voltará a seu esplendor tão necessário à vida.

Fontes: Revista Eco-21; Southern California Giant Kelp Restoration Project (Kelp Project) - Final Report

3 comentários:

  1. Essas algas também produzem oxigênio o bastante para nós? Porque, se defendem tanto a Amazônia por ser o suposto "pulmão do mundo", os quelpos, que são os verdadeiros responsáveis, mereciam um pouquinho mais de atenção...

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Produzem, sim. Mais de 70% do oxigênio que consumimos vêm do mar, de bactérias e algas.

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