Uma nova técnica, que permite sua reprodução em cativeiro, pode garantir a sobrevivência de uma espécie ameaçada pela globalização do sushi e do sashimi.
O atum-azul é um peixe magnífico. Pode chegar a 4 metros de comprimento, pesar 700 quilos, nadar à velocidade de 70 quilômetros por hora e viver quarenta anos. Sua carne vermelha, macia e saborosa, fez dele o pescado mais apreciado da culinária japonesa. A dúvida é se o atum-azul sobreviverá à globalização do sushi e do sashimi. Estima-se que a pesca predatória tenha reduzido o estoque desse peixe a somente 10% do existente há cinco décadas. Nesse ritmo, segundo alguns cálculos, o atum-azul pode estar extinto em apenas cinco anos. É quase certo que, quando for atualizada em março, a Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção inclua o atum-azul na lista das espécies ameaçadas. O efeito prático dessa medida, que tem o apoio dos Estados Unidos e da União Europeia, seria a imposição de uma moratória de dois anos na pesca. Nada disso garante a sobrevivência do atum-azul.Entre a captura e a venda, o comércio de atum-azul movimenta um volume impressionante de 1 bilhão de dólares por ano. Só existe uma forma reconhecida de preservar uma espécie marítima e, ao mesmo tempo, manter o mercado abastecido: sua criação em cativeiro.Foi o que salvou o salmão. Hoje, dois terços do consumo mundial saem de fazendas aquáticas, reduzindo a pressão sobre o estoque de salmão na natureza. O que impediu até agora que o mesmo fosse feito com o atum-azul foi seu comportamento, muito mais complexo que o de outras espécies criadas em fazendas. Para começar, ele vive em migração permanente. Ao contrário da maioria dos peixes, o atum-azul precisa nadar constantemente (inclusive quando está dormindo) para respirar pelas guelras. Estima-se que cada cardume viaje 10 000 quilômetros por ano. O peixe também é exigente com a alimentação. Não aceita ração e só come alimentos vivos, como sardinha, e em grande quantidade. São 20 quilos de peixes menores para cada quilo de seu próprio peso. Em comparação, o salmão come um décimo dessa proporção.

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